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Call to action na zona do meretrício


 

Marcos Paulino

 

A galera do chamado mundo corporativo adora expressões em inglês. Nem cabe aqui ficar repisando assunto tão batido quanto chão de casa de roça. O anglicismo é uma realidade que veio para ficar. E há muito tempo. Como o mundo não conseguiu desenvolver o esperanto, adotamos algo parecido com o inglês como idioma universal. E segue o jogo.

 

Pois bem. Entre tantos termos que a internet popularizou, está o “call to action”. Em português mambembe, algo como “chamada para a ação”. Aí você está lendo sobre um livro que acabaram de lançar e, no final do texto, aparece a frase “Compre o seu agora!” em um botão linkável (desculpe, não conheço outro termo para isso), que te levará direto para a loja virtual onde você colocará alegremente os dados do seu cartão para adquirir seu exemplar.

 

Esse é um exemplo de “call to action”, CTA para a turma do marketing digital. Reserve essa informação. Um dos caminhos que faço com muita frequência inclui um trecho numa rua que fica na região outrora conhecida como zona do meretrício. Sim, aquela área que toda cidade tem na qual é possível encontrar serviços de acompanhantes. Sei que você me entende.

 

A imagem clássica do pessoal que trabalha nessa zona é a da disponibilidade e do sincero interesse (ok, nem tão sincero assim) pelos atributos de quem passa por ali. A ideia é fazer você se sentir o último Negresco do pacote e imaginar que a dama realmente te achou um pão, como diriam os antigos, e gostaria de passar algumas horas contigo. Claro que essa massagem no ego (talvez não só no ego) tem um preço a combinar.

 

Lembra do CTA? É aqui que entra a ligação de uma coisa com outra. Tenho notado, nesse meu caminho (e juro que é só parte do trajeto mesmo) que está faltando à moçada da zona uma noção de CTA. Você passa pela rua e todo mundo está com a cara enfiada no celular. Pode ser que o WhatsApp tenha tomado o lugar da abordagem tradicional, mas, será?

 

Se as trabalhadoras da zona não dão aquela olhada maliciosa, nem um piscadela, nem arremessam um beijinho à distância, dificulta o approach (ok, desculpe, a aproximação). Aquela levantada marota na saia, aquela frase maliciosa jogada ao vento são apenas peças do museu do rendez-vous?  (Agora pelo menos troquei o inglês pelo francês...).

 

Enfim, está lançada a questão. Estariam as profissionais um passo à frente do que imagino, já fechando negócios exclusivamente pelo celular? Ou estão faltando umas aulinhas de CTA para nossas bravas batalhadoras? Opa, agora lancei meu CTA para você participar comentando!

 

P.S.: Quem se incomodar porque usei substantivos e adjetivos apenas no feminino, troque pelo masculino e leia novamente, sem crise.

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